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Oxossí

Oxossi é o único Orixá que entra na mata da morte, joga sobre si um pó sagrado, avermelhado, chamado AROLÉ, que passou a ser um de seus dotes. Este pó o torna imune a morte e aos Eguns.Oxossi é um Orixá que revela a importância da caça entre os povos africanos, com reflexos no culto religioso. Sendo um caçador, lembrando que antigamente na África os caçadores eram os responsáveis pelo sustento e manutenção das aldeias, é o Orixá que garante a fartura, sustento, alimentação e prosperidade ao ser - humano. Muitas vezes é chamado de Odé Wawá ou seja, "Caçador dos Céus".


Ele é considerado a divindade da fartura, da abundância, da prosperidade. Em seu lado negativo, porém, pode ser também o pai da míngua, da falta de provisão. Deus da caça, das úmidas florestas, com o Ofá abate os javalis, as feras, é o invencível caçador rei Oxossi, senhor do Keto, rodeado de animais, usa capanga e um elegante chapéu de couro de abas largas enfeitado de penas de avestruz nas cores azul e branco. Leva dois chifres de touro na cintura, além do arco e uma fecha de metal dourado, Ele dança com arco e flecha numa mão e na outra com o Irukérê. Usa saiote de plumas verdes ou multicores; penacho e capacete verdes. Pulseiras e braceletes de bronze. Algumas vezes veste-se de azul-turquesa ou de azul e vermelho. Sua dança é mímica de uma caçada e simula o gesto de atirar flechas para a direita e para a esquerda, o ritmo é "corrido" na qual ele imita o cavaleiro que persegue a caça, deslizando devagar, às vezes pula e gira sobre si mesmo. É uma das danças mais bonitas do Candomblé. Sua comida preferida é a carne de porco. Gosta também de bode e galo, mas não tolera feijão branco. Na qualidade de caçador Oxossi tem sua casa ou assento no quintal do candomblé, quase sempre no meio de arbustos e folhagens. Além de Oxossi também Exú, Ogum e Ossãe têm a habitação ao ar livre e, como insígnia, um objeto de ferro forjado. As quatro divindades estão intimamente interligadas. Oxossi, em sua atividade venatória, penetra na mata e é Exú quem o ajuda e orienta; é Exú quem lhe abre os caminhos. Esses caminhos, porém, são dificultados pela galharia, espinhos, cipós, imprevistos. E Ogum com sua espada, limpa os caminhos para a penetração do caçador divino. Uma vez dentro da mata, Oxossi está nos domínios de Ossãe o que reina sobre os vegetais. E Ossãe ensina-o a conhecer as ervas que curam os homens e os animais, bem como as plantas sagradas, que entram na liturgia dos orixás. Está estreitamente ligado a OGUM, de quem recebeu suas armas de caçador. Conta à lenda que OSSÃE apaixonou-se pela beleza de OXOSSI e prendeu-o na floresta. OGUM consegue penetrar na floresta, com suas armas de ferreiro e libertá-lo. Ele está associado ao frio, à noite, à lua; suas plantas são refrescantes.


Nos mitos falam que Oxossi é filho de APAOKA (jaqueira). Que ele foi o caçador de elefantes, animal associado à realeza e aos antepassados. E há um mito que conta que OXOSSI encontrou IANSÃ na floresta, sob a forma de um grande elefante que se transformou em mulher. Casa com ela tem muitos filhos que são abandonados e criados por OXUM. Oxossi vivendo na floresta onde moram os espíritos está relacionado com as árvores e os antepassados. As abelhas pertencem-lhe e representam os espíritos dos antepassados femininos. Relacionam-se com os animais, cujos gritos imitam a perfeição; é um caçador valente e ágil, generoso, propicia a caça e a pesca, e protege contra o ataque das feras. Seu ILÁ (canto), conforme sua qualidade parece o cantar de um pássaro ou o berro de um animal. É um solitário solteirão depois que foi abandonado por IANSÃ e também porque na qualidade de caçador, tem que se afastar das mulheres, pois elas são nefastas à caça. Das duas velhas negras africanas que fundaram na Bahia o candomblé do Engenho velho, pai de todos os outros, uma era filha de Oxossi. (A outra, de Xangô). As filhas-de-santo desse candomblé trazem ao ombro um longo chicote de crina, atributo de Oxossi. E os cânticos desse Orixá observa Edison Carneiro, "revelam fortes reverências totêmicas e, por vezes vestígios de culturas desaparecidas já como o culto das árvores". Também é a casa de Oxossi o ilustre candomblé do Gantois, que tem em Menininha (Escolástica Maria da Conceição Nazaré) a mais famosa yalorixá da Bahia, que completou mais de meio século de "feita" e que já passou para o outro plano de existência.


Nas festas manifestado Oxossi apresenta-se com saiote armado e calças rendadas, na cabeça um chapéu ou gorro com enfeites de contas e outros. Descreve Edison Carneiro: "Veste-se principescamente, de manto aos ombros. Algumas vezes tem o citado chapéu de couro, de feltro ou de veludo". Além de empunhar seus símbolos, já citados, pode trazer, ainda, espingarda, aljava, capanga e bichos de penas dependurados no cinto.


No século XIX o reino de Kêto foi destruído e saqueado pelas tropas daomeanas. Seus habitantes, entre os quais adeptos de Oxossi, foram escravizados e vendidos para o Brasil e Cuba. Eis por que o culto de Oxossi, muito propagado entre nós, hoje praticamente inexiste na África. Observa Pierre Verger que ainda existem em Kêto os locais onde Oxossi recebia oferendas e sacrifícios, mas não há quem saiba ou deseje cultuá-lo. Nos candomblés jejes existe um Oxossi denominado Aguê, filho de Mawu e Lissa (Nota: para os fon (Daomé), Naná Buruku é mãe do casal de gêmeos Lissa (homem) e Mawu (mulher), o Adão e a Eva dos negros, dos quais descende toda a humanidade). Além do Erukêré, tem como insignia um pequeno bastão, encimado por um pássaro, pendentes dois pequenos cordões com um cacho de búzios na extremidade. Aguê vive sempre nas matas e é o porta-voz de OSSÃE, Orixá que raramente se incorpora numa filha-de-santo.Outra forma de Oxossi é Inlê ou Ibualama, casado com Oxum. Incorporado, Inlê dança segurando o amparo, um açoite formado por três tiras largas de couro, com que se autocastiga. Inlê e Oxum tiveram um filho, de nome Logunedê.


Oxossi identifica-se com São Sebastião. Nos xangôs do Recife identificado com São Miguel, é mais conhecido como Odé e confundido com o Sultão, um caçador emerso dos candomblés-de-caboclo Como ocorre com os encantados dos candomblés-de-caboclo, na Umbanda Oxossi multiplica-se numa infinidade de personificações do índio. Oxossi é o dono de uma das "sete linhas" de santos umbandistas, desdobrada nas legiões de Urubatã, Araribóia, Caboclo 7 Encruzilhadas, Peles Vermelhas (Águia Branca), Tamoios (Grajaúna), Cabocla Jurema e Guaranis (Araúna). Santo de grande popularidade, personificado na figura do Caboclo, isto é, do índio, Oxossi por vezes se apresenta ostentando um cocar e portando um arco e uma flecha. Sua cor é o verde. Suas comidas de milho, amendoim, coco ralado e mel. Bebe vinho tinto. As "obrigações" de Oxossi são feitas na mata, de preferência sob mangueira ou outra árvore frondosa. Acendem-se velas verdes e deixam-se, além das comidas do santo, vinho tinto com fitas verdes no gargalo da garrafa. Gosta de milho verde em espiga ou seco a granel, água de coco, eucalipto, girassol, latão, sândalo, calcite. É representado pelos seus falangeiros, caboclos bugres e de penas. Sua saudação é Okê Arô No Rio de Janeiro, Oxossi é São Sebastião, o padroeiro da cidade, com festa celebrada dia 20 de janeiro. Nesse dia, além de baterem nos terreiros, são levadas oferendas e realizadas cerimônias nas matas. Nas pequenas florestas cariocas, como na Gávea e no Alto da Boa Vista, existem clareiras entre as árvores. Para o dia 20 de janeiro são cuidadosamente varridas e, em alguns casos, enfeitadas com folhagens, bambus e bandeirinhas coloridas de papel de seda. Logo virão os filhos e as filhas-de-santo, com seus trajes brancos rituais. Ressoarão os atabaques e serão entoados os pontos, isto é, os cânticos de evocação e louvor. A cerimônia será realizada com o mesmo ritual de sempre. Do terreiro urbano desloca-se a festa de Oxossi para o seu reino no recesso da mata.




 
 
 

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